TONI XOCOLATE

Aracaju City, Sergipe - Nordeste - Brasil - Terra
Mundo louco esse nosso! Nunca pensei que existisse alguém que não gostasse de chocolate. Mas acreditem, elas existem e pode estar aí bem perto de você. Como tudo é uma questão de opinião, faço deste espaço somente uma QUESTÃO DE OPINIÃO com muito Xocol@te Quente. Pois como a maioria, eu adoro Chocolate e Xocol@te. Sirvam-se! ********** Que nuestro mundo de locos! Nunca pensé que había alguien que no le gustaba el chocolate. Pero créeme, que existen y pueden estar allí a tu lado. Como todo es una cuestión de opinión, este espacio sólo una cuestión de opinión con mucho Xocol @ hot. Porque como la mayoría de la gente, me encanta el chocolate y Xocol @ te. Ayudarse a sí mismos!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

NIQUIBA

Niquiba - acho que é assim - esse é o nome de um amigo sorridente vendedor ambulante. Negão sorridente, batalhador e morador da periferia. O conheci como músico envolvido com o samba reggae nos bons tempos que os tambores honestos do Bloco Quilombo faziam-se ouvir lá do alto da Caixa D'água nos anos 80'. 

Niquiba teve seus tempos de Rasta nos anos 80 quando cultivou belos dreads, só vistos em cabeça dos negros assumidos de Salvador. Assim como eu, Niquiba era fã do som do Olodum e Edson Gomes. Sempre pedia e eu tocava na rádio oferecendo pra ele. Nas minhas noites de insônia e boêmia encontrei-o por varias vezes nas madrugadas da Coroa do Meio - próximo ao Farol - com sua cesta de bombons e cigarros. 'Tranpando na noite para ganhar grana limpa e sem problema' como sempre dizia. Niquiba tinha orgulho de me dizer que não bebia e principalmente nunca fumou maconha e mesmo assim era visto como tal. "A galera pensa que eu uso essas porras, mas não me amarro, não. Cada um que viva sua vida né não, Xocó?" Não sei se foi nestas letras, mas foi assim que rolou o ultimo papo. 

Certa vez passando pela avenida da praia de Atalaia avistei Niquiba em um ponto de Ônibus e acabei dando uma carona até o bairro America onde ele morava. Bom papo e sempre com discurso político racial em alto astral, atravessamos a cidade ouvindo um bom reggae e gargalhadas. Pra ele, a barreira racial imposta pela sociedade era visível. Pra ele, Edson Gomes tinha razão em todas as musicas. "É a verdadeira historia da vida do negro neste país, Xocó. Eu sei que é por causa do meu jeito Rasta e meu cabelo massa. Só que não devo nada a ninguém e to na minha", dizia com a sinceridade e consciência da realidade da sociedade urbana, que durou até outro dia. 

Mataram Niquiba com tiros numa noite dessas que alguém tem que morrer para alimentar a cadeia da violência. Morreu, virou estatística e só restam lamentações dos familiares e amigos que perderam um pai, irmão, filho e pra mim, um negão da pôrra! Os registros estão assim, cheio de crimes sem solução judicial ou social.

As investigações que apuram a morte de Niquiba não avançam, Cerca de 40 testemunhas foram ouvidas e até agora ninguém foi preso. 

Por Toni Xocolate

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